Quatro mitos do investimento em ouro – De grão em grão

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Com o acirramento de crises econômicas vem sempre à mente dos investidores a aplicação em ouro. Neste momento em que o mercado financeiro está assustado com a epidemia do Coronavírus, esta alternativa tem sido amplamente discutida. E a atenção ficou ainda maior quando seu preço superou os máximos dos últimos sete anos nesta semana. Discuto abaixo quatro mitos no investimento neste metal precioso.

 

Evolução do preço do ouro desde sua última alta histórica em 2011. Fonte: Bloomberg

Na idade média a cidade de Troyes na França era um importante centro de negociação de ouro. Os mercadores de lá usaram a medida de peso romana chamada de uncia que era baseada na divisão de barras de bronze em doze partes, cujo peso era de 31,1 gramas. Daí o nome onça troy.

Em meio à desvalorização das bolsas pelo mundo, o ouro se destaca com uma alta de mais de 10%. Esta alta tem atraído a atenção de muitos e rumores sobre características deste investimento acabam sendo exacerbadas.

 

Ouro é um investimento de baixo risco

Existem várias definições para risco. Uma usualmente empregada é “incerteza sobre retornos futuros”. Neste sentido, o risco pode ser estimado pela dispersão dos resultados passados. A forma geral de cálculo de dispersão é o desvio padrão, conhecido no mercado como volatilidade.

Logo, um investimento de baixo risco é aquele que apresenta baixa dispersão dos resultados, pois assim os retornos estão mais próximos de seu retorno médio. Ou seja, ele deveria ter baixa volatilidade.

Títulos referenciados ao CDI costumam ter baixa volatilidade, daí a característica de baixo risco deste. Sabemos com grande probabilidade seu retorno em um dia e um mês.

Mas será que o ouro tem baixa volatilidade? E como ela se compara a um investimento em um índice de ações?

A volatilidade do ouro nos últimos dez anos foi de 16% ao ano. No mesmo período, a volatilidade do principal índice de ações americano (S&P500) foi de 12,6% ao ano. O Ibovespa apresentou volatilidade de 19,7% ao ano.

Portanto, é um mito dizer que ouro possui baixo risco. Seu risco estaria próximo ao de um investimento em bolsa de valores.

 

Ouro protege contra a inflação

Para analisar esta afirmação é preciso segregar o preço do ouro de seu ganho cambial para quem compra no Brasil.

Desta forma, analisamos se o preço em dólar ganha da inflação americana.

Quem comprou ouro no início da década de 1980 teve de esperar mais de 30 anos para ter de volta , apenas a inflação americana, em seu investimento.

O investidor que aplicou na última alta de setembro de 2011, até hoje não recuperou nem seu valor investido, muito menos a inflação.

Outra forma de avaliar esta afirmação é medir a correlação do ouro em dólar com a inflação americana. O resultado é que a correlação entre os dois nos últimos vinte anos é praticamente zero.

Portanto, também é um mito a afirmação que ouro protege contra a inflação

 

Ouro sobe em crises

Na crise financeira de 2008, o ouro caiu junto com o mercado no mês mais crítico para o mercado que foi o mês de outubro. Naquele mês, o ouro caiu 17%.

No mesmo ano, o metal se valorizou apenas 5%. Outros investimentos como títulos de renda fixa americanos de dez anos tiveram valorização mais significativa.

Assim, também não é uma verdade absoluta que o ouro sobe em crises.

 

Joias de ouro é um bom investimento

Em uma joia você pode pagar muito mais pelo design do que o peso do metal. Este design pode perder valor com mudanças de tendência de moda.

Adicionalmente, em muitos casos a joia é feita com uma liga de metal que não possui pureza do ouro de barras. Portanto, o material da joia também pode valer menos que moedas ou barras de ouro puro.

Logo, esse também é uma falácia de vendedores.

 

Ouro é descorrelacionado com o mercado

O ouro como uma commodity é correlacionado com outras commodities como pode ser visto no gráfico abaixo. A figura apresenta a evolução dos preços do ouro e do índice CRB que é formado por outras commodities como as de energia, agrícolas e metais.

Perceba que apenas mais recentemente esta evolução conjunta se distanciou um pouco mais.

 

Evolução dos preços do ouro (linha de cor preta) e do índice CRB de commodity (linha de cor laranja). Fonte: Bolomberg

Esta é a melhor justificativa para investimento em ouro.

Ele é uma alternativa com baixa correlação com o mercado. Assim, pode suavizar a volatilidade dos retornos de seu portfólio.

No entanto, cuidado para não comprar na máxima, pois o passado mostra que pode demorar muitos anos para recuperar seu investimento.

 

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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