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Depois de atingir seus máximos históricos este ano, bolsas de valores pelo mundo caíram mais de 10% em apenas cinco dias. No atual século, quedas desta magnitude e velocidade só ocorreram no ano de 2008, durante a crise financeira. Com uma mudança tão rápida de humor do mercado, investidores se questionam sobre se o momento seria para comprar, vender ou não fazer nada.
Em seu discurso de 12 de abril de 1959, John F. Kennedy disse:
When written in Chinese, the word “crisis” is composed of two characters – one represents danger and one represents opportunity. Quando escrita em chinês, a palavra crise é composta de dois caracteres – um representa perigo e o outro oportunidade.
Embora linguistas argumentem que Kennedy não estivesse completamente correto em sua tradução, para este momento ela cabe em todos os sentidos.
A culpa das recentes desvalorizações nos mercados é atribuída à epidemia causada pelo coronavírus, Covid-19 que se iniciou na China.
A dúvida dos investidores é se este surto pode levar a uma crise global devido a queda de consumo pelo comportamento de reclusão das pessoas ou se seria uma oportunidade para aproveitar o desconto no preço dos ativos.
O momento ainda sugere cautela, pois os indicadores econômicos provavelmente ainda vão se mostrar negativos. Por exemplo, nesta sexta-feira à noite, a China divulgou o Índice dos Gerentes de Compra da indústria (PMI Manufacturing). Este índice é uma pesquisa entre empresas privadas que respondem sobre se as condições estão iguais, melhores ou piores para sua respectiva produção, compras, estoques e emprego.
O PMI divulgado pela China, nesta sexta, foi pior que o mais baixo índice durante a crise financeira de 2008. Este número foi divulgado depois do fechamento do mercado e pode causar novas quedas na segunda-feira.
Resultado similar deve ocorrer pelo resto do mundo. No entanto, espera-se que esta queda seja temporária como ocorreu em outros surtos de gripe, no passado.
Adicionalmente, espera-se que os governos e Bancos Centrais tomem medidas compensatórias para retomar a atividade como redução das taxas de juros e flexibilização do crédito.
Para quantificar o reflexo da perda de um ano de resultados podemos fazer uma simulação simples.
O preço dos ativos é o resultado do desconto a valor presente dos fluxos de caixa futuros.
Considere que se esperava que as empresas que formam o índice global de ações gerariam, em conjunto, um fluxo de caixa de $100/ ação neste ano de 2020 e que eles cresceriam 2% ao ano de forma perpétua. Assumindo uma taxa de desconto de 10% ao ano, o valor deste índice hoje deveria ser de $1.250,00.
Imagine que com a crise, o fluxo deste ano seja zero, que o fluxo de 2021 caia para $95, mas que o crescimento a partir de 2022 volte a ser de 2% ao ano. Perceba que o fluxo de 2020 foi perdido e que os fluxos de todos os outros anos até a perpetuidade, no novo cenário, são 7% menores que aqueles esperados no cenário anterior.
O valor deste novo fluxo seria de $1.079,55, ou seja, 13,6% menor que o anterior.
Portanto, o mercado já teria ajustado os preços dos ativos para um efeito, razoavelmente forte como o da simulação, para os resultados das empresas. Esse ajuste de preços pode ser visto na tabela abaixo.
O MSCI Global é um índice que engloba 1644 empresas distribuídas em 23 países desenvolvidos. O MSCI Emergentes é um índice formado por 1402 empresas de 26 países emergentes. A queda nos índices de mercados emergentes foi menor que o de países desenvolvidos, pois os primeiros já tinham apresentado quedas nos dias anteriores à esta semana.
Com esta simulação, parece claro que uma decisão não deveria ser tomada pelos investidores. Não está na hora de vender, pois se puder esperar entre um a dois anos, a perda deve ser recuperada.
No entanto, para aqueles que já possuem posição, não é recomendável comprar mais no momento, pois ainda não está claro a extensão das notícias negativas e o mercado costuma responder irracionalmente às notícias negativas, possibilitando comprar a preços mais baixos.
Investidores que possuem baixa exposição ao mercado de ações podem iniciar seus investimentos de forma cautelosa.
Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.
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