Fechar Bolsas poderia frear a queda dos mercados? – 17/03/2020 – Mercado

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A preocupação quanto ao coronavírus está varrendo os mercados e gerando momentos de profunda volatilidade, e algumas autoridades regulatórias estão começando a pressionar por uma restrição nas operações, temendo que as oscilações nos preços tenham se tornado desordenadas e que instituições com forças de trabalho reduzidas percam a capacidade de lidar com o pesado volume de transações.

Na segunda-feira (16), as autoridades regulatórias australianas informaram aos operadores mais ativos nos mercados de ações do país que eles teriam de reduzir significativamente suas operações, porque volumes maiores de transações colocavam os corretores e a bolsa mesma em risco.

A Bolsa de Valores das Filipinas, enquanto isso, será fechada a partir da terça-feira (17), depois que o presidente Rodrigo Duterte colocou a maior das ilhas do país, Luzon, em uma “quarentena comunitária reforçada”.

As medidas despertam a questão de uma possível restrição mais ampla das operações em resposta à crise do coronavírus. Jay Clayton, presidente da Securities and Exchange Commission (SEC), agência federal que regulamenta os mercados de valores mobiliários dos Estados Unidos, disse à rede de notícias CNBC na manhã de segunda (16) que ele não favorecia a medida. “Os mercados deveriam continuar a funcionar, em momentos como o atual”, ele disse.

Existem precedentes para o fechamento das bolsas?

Sim, mas fechamentos são raros e tenderam a ser breves, e a ter relação com problemas específicos na região em que a bolsa a ser fechada está localizada.

A Bolsa de Valores de Londres fechou pela última vez em 1987, quando tempestades impediram milhares de operadores de chegar à cidade. A Bolsa de Valores de Nova York e a Nasdaq fecharam em outubro de 2012, como parte dos preparativos da cidade para enfrentar a tempestade Sandy, e também ficaram fechadas por diversos dias depois dos ataques terroristas de setembro de 2001, que causaram danos a cabos de comunicação e escritórios.

Exemplos como esses ilustram que uma massa crítica de pessoas precisava estar presente em um lugar físico específico para que os mercados funcionassem, no passado. Hoje em dia, a natureza das operações mudou e a participação humana foi eliminada do processo, em boa medida. A maioria das transações nos mercados de ações, futuros e de câmbio é executada automaticamente por computadores, servidores instalados em data centers.

Ainda assim, os operadores dizem que a transição para operações em locais remotos, como centros de recuperação pós-desastre, ou mesmo para home offices, em resposta ao vírus, está exacerbando os bolsões de baixa liquidez.

Nem todos os fechamentos foram causados por problemas logísticos. Na Grécia, em 2015, a Bolsa de Valores de Atenas, assim como os mercados de títulos e derivativos, e os serviços de compensação de transações, ficaram cinco semanas fechados depois da imposição de controles de capital.

Como é que as bolsas se mantiveram abertas até agora?

Muitas vêm ativando planos para continuação de negócios. Companhias como a London Stock Exchange, a Nasdaq e a Intercontinental Exchange dividiram suas equipes entre o pessoal que trabalha remotamente, o pessoal que trabalha de casa, e aqueles que estão à disposição para certas operações críticas, como os serviços de vigilância e os sistemas tecnológicos.

Serviços acessórios como as cerimônias de abertura e fechamento foram truncados ou cancelados. A CME, CBOE Global Markets e Nasdaq fecharam seus pregões “de voz” para transações de opções, embora esses mercados continuem a funcionar eletronicamente. Até agora, a maioria das operações das bolsas se sustentou, e elas reportaram poucos problemas.

Mas algumas mudanças foram adotadas a fim de aliviar o estresse. Por exemplo, a Bolsa de Valores de Londres afrouxou as faixas de flutuação nas quais os “market makers”, em geral bancos ou operadores de alta frequência, podem cotar preços de compra e venda de títulos.

Isso permitirá que eles ofereçam preços mais atraentes aos participantes do mercado, persuadindo-os a não abandonar o mercado quando ele parece arriscado demais. A Autoridade Europeia de Títulos e Mercados adotou regras mais firmes de transparência sobre vendas de títulos a descoberto.

Qual é o benefício de fechar uma bolsa?

Em termos práticos, isso reduziria o desgaste nas bolsas e nas corretoras que as empregam, e potencialmente reduziria o escopo de acidentes de mercado que poderiam agravar a crise econômica e de saúde pública.

Foi isso que as autoridades regulatórias australianas tentaram impedir. Como explicou Guy Warren, presidente-executivo da ITRS, uma provedora britânica de tecnologia para operações financeiras, “sem as ferramentas corretas para planejamento de capacidade, é extremamente difícil identificar qual é o ponto vulnerável de um sistema de tecnologia, e quando uma crise pode acontecer”.

E o lado negativo?

Ações, títulos, fundos negociados em bolsa e contratos futuros são operados internacionalmente, em mercados fortemente interligados. As transações com ações do índice FTSE-100 tendem a se concentrar na bolsa de Londres, por exemplo, mas os contratos futuros de componentes desse índice são mais ativos na bolsa ICE Futures Europe.

Companhias com ações cotadas no Reino Unido também são componentes do índice Euro Stoxx 600, que é operado na Alemanha. As operações matutinas na Europa, enquanto isso, são fortemente influenciadas pelo preço dos contratos futuros “eMini”, que são operados em Chicago.

A menos que todas as grandes bolsas sejam fechadas simultaneamente, os operadores recorrerão aos locais que continuam abertos e líquidos. Uma autoridade europeia disse que o resultado serias “uma bagunça”.

Fechar os mercados pode tornar as coisas até piores, quando eles forem reabertos. Quando o mercado de Atenas reabriu depois de seu hiato, cinco anos atrás, sofreu uma queda de 20%. Fechar mercados pode impedir que investidores fujam de ações em queda enquanto seus ativos ainda retêm algum valor. Alguns fundos, é claro, lucrariam com a queda dos preços dos ativos.

Stacey Cunningham, presidente da New York Stock Exchange, disse na segunda-feira que era “importante” que os mercados continuassem abertos, e que fechá-los só agravaria as ansiedades do mercado.

“[Isso] não mudaria as causas inerentes do declínio do mercado, removeria a transparência quanto ao sentimento dos investidores, e reduziria o acesso dos investidores ao seu dinheiro”, ela tuitou.

Tradução de Paulo Migliacci

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