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SÃO PAULO – O ambiente ainda favorável à tomada de risco no exterior parece predominar sobre os ativos brasileiros e garante, desse modo, a alta firme do Ibovespa. O índice, porém, ainda apresenta certo comportamento instável, com o desencontro de informações sobre um eventual acordo comercial entre China e Estados Unidos.
Às 13h52, o Ibovespa subia 0,93%, aos 104.407 pontos, perto da máxima do dia, de 104.618 pontos. O giro financeiro é de R$ 6,7 bilhões, relativamente forte para o horário — para se ter uma ideia, se mantido o ritmo dos negócios, mais de R$ 15 bilhões serão negociados pelas ações do índice, acima dos R$ 12 bilhões de média diária nos pregões de 2019.
Os mercados se animaram em bloco, aqui e no exterior, com as informações da agência “Bloomberg” de que Pequim e Washington estariam perto de uma trégua comercial, com a assinatura de um possível acordo provisório para permitir o adiamento e até a reversão de algumas tarifas comerciais impostas pelos americanos a produtos chineses. Logo depois, porém, um funcionário de alto escalão do governo dos Estados Unidos negou à rede CNBC que está sendo avaliada uma trégua na disputa comercial.
Nesse vaivém de informações, o Ibovespa chegou a se afastar das máximas, mas volta a ganhar fôlego na avaliação de que o momento é mais calmo para a negociação de ativos de risco. O Bradesco segue em campo negativo (-0,92% a ON e -0,58% a PN), enquanto o Itaú tem alta de 0,85%; Petrobras ON avança 1,53%, enquanto a PN sobe 0,67%.
No setor de commodities, a Vale sobe 2,90%, em dia de intenso ganho no minério de ferro na China. Foi a quarta alta consecutiva da matéria-prima no mercado à vista chinês, dada a pressa de formação de estoques por parte das siderúrgicas chinesas, responsáveis por mais da metade do aço do mundo. Esse cenário estimula também as siderúrgicas, caso de Gerdau (3,10%) e CSN (2,97%).
Além do vaivém em relação às tensões comerciais entre China e EUA, o investidor opera sem descuidar do pacote de estímulos anunciado pelo Banco Central Europeu (BCE), nesta manhã. A visão dos investidores é que a decisão é relevante — mas não se sabe se suficiente — para enfrentar o desaquecimento da atividade no bloco.
Na visão de Luiz Fernando Alves Junior, gestor e sócio-fundador da Versa Asset, o pacote de compra de títulos e corte de juros anunciado pelo BCE foi positivo ao indicar mais estímulo, mas o mercado não se convenceu de que isso será o bastante para conter um estágio de recessão, se ele chegar.
“As compras mensais [de títulos] anunciadas foram menores do que o esperado, mas o [presidente do BCE, Mario] Draghi disse que não tinha limite de tempo para a compra, e isso foi melhor do que se imaginava”, afirma ele. “No fim das contas, eu considero positivo em linhas gerais, mas não se sabe se será suficiente para estimular o bloco.”
Na abertura por ações, Azul PN sobe 5,18% e lidera os ganhos do Ibovespa, seguida por Embraer ON (4,94%). O desempenho é resultado da entrega do primeiro jato E195-E2 da fabricante brasileira, que será operado pela Azul. Os jatos dessa família que a Azul começou a receber hoje vão permitir que a área atenda mais de 100 localidades no Brasil. No caso da Embraer, a demanda pela ação vem também da elevação do preço-alvo e da recomendação par ao papel pelo UBS.
Dólar
O dólar opera em leve baixa neste pregão, com investidores digerindo uma série de sinais dúbios sobre a política monetária da zona do euro e relatos contraditórios em relação à disputa comercial entre Estados Unidos e China.
Por volta das 13h55, a moeda americana cedia 0,05%, aos R$ 4,0620, longe da mínima do dia, de R$ 4,0271.
O desempenho do real destoa da maioria das divisas emergentes, que se valorizam moderadamente no pregão. No horário acima, o dólar cedia 1,52% contra a lira turca, 1,10% na comparação com o rublo russo e 0,53% frente ao peso mexicano.
O dia foi intenso em notícias e também em volatilidade dos preços. No início da manhã, o BCE anunciou um corte de 0,10 ponto-base na taxa de depósito, para -0,50%, e a retomada do programa de compras de ativos (QE, na sigla em inglês), que prevê uma injeção de 20 bilhões de euros por mês sem duração pré-determinada, ou seja, até que as expectativas de inflação voltem a se aproximar da meta.
A reação inicial dos mercados foi positiva, com o euro voltando a cair abaixo do patamar de US$ 1,10. No entanto, esse sentimento foi lentamente se invertendo, com os participantes de mercado se questionando sobre a efetividade da medida. No horário acima, o euro se valorizava 0,50% contra o dólar, aos US$ 1,1064.
O comportamento inicial do euro “não era sustentável”, diz o Commerzbank. “O corte na taxa de depósito veio no piso das projeções, bem como o QE”, dizem analistas do banco. “Tudo computado, certamente não foi uma surpresa “dovish””.
Outro ponto que chamou a atenção do banco alemão foi a ênfase do presidente do BCE, Mario Draghi, ao pedir estímulos fiscais na região. “Uma defesa tão aberta só pode ser interpretada como uma confissão implícita de que o BCE está próximo do ponto onde suas ferramentas não mais fazem efeito”, diz.
Além do BCE, o mercado foi rapidamente chacoalhado por relatos de imprensa dando a entender que o presidente Donald Trump estava sendo convencido por auxiliares a aceitar um acordo interino com a China, que envolvesse o adiamento da entrada em vigor de algumas tarifas. Houve uma reação inicial positiva que, no entanto, se esvaiu pouco após a Casa Branca negar tais relatos.
Ainda assim, a promessa de maior liquidez levou os índices europeus encerraram em alta e os de Wall Street se manterem no positivo. Usado como uma aproximação do risco-país, o spread do contrato de Credit Default Swap (CDS) de cinco anos do Brasil, caiu nesta quinta-feira ao menor patamar desde maio de 2013.
De acordo com dados compilados pela Markit, o CDS era negociado no fim dessa manhã com spread de 119 pontos, o menor desde os 117 pontos registrados em 14 de maio de 2013. Na época, o Brasil era considerado grau de investimento pela três maiores agências de rating do mundo.
No Brasil, no entanto, esse maior apetite por risco, como visto na bolsa e os juros, encontra dificuldade em se traduzir em valorização do câmbio. “Vemos novamente um dia em que o real não está andando com os demais ativos brasileiros”, nota Victor Candido, gestor da Journey Capital. “Esse comportamento não é de hoje, mas mantém a gente coçando a cabeça. Nos faz voltar a lembrar de questões específicas desse mercado, como a falta de entrada de fluxo, o baixo diferencial de juros e o fato de que o Brasil é usado como hedge para posições em outros mercados emergentes.”
Juros
As medidas do BCE fizeram com que os juros futuros operassem em queda desde o início do pregão. As incertezas em torno das disputas comerciais travadas ente Estados Unidos e China e um leilão do Tesouro Nacional, contudo, fizeram com que as taxas intermediárias e longas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) devolvessem parte das perdas e operassem no zero a zero.
“O mercado gostou da posição do BCE em relação à inflação na zona do euro. O cenário se mostra confortável para mais estímulos”, diz o economista Paulo Petrassi. O banco central promoveu revisões em suas estimativas para a inflação e cortou a projeção para o índice de preços neste ano de 1,3% para 1,2%, além de reduzir a previsão para a inflação em 2020 de 1,4% para 1,0%. Assim, os rendimentos de bônus europeus foram penalizados em um primeiro momento e o retorno do BTP italiano de dez anos chegou a bater mínima histórica.
O estrategista Valentin Marinov, do Crédit Agricole, estima que a duração das compras de ativos deve durar entre seis e 12 meses. “Apesar de indicar um quantitative easing (QE) sem limitações de data, o BCE não pode aumentar o tamanho de seu balanço de maneira significativa”. Para ele, as medidas anunciadas hoje podem colocar um teto no euro “por enquanto”, mas com o que o QE aberto sendo um “mito”, na avaliação de Marinov, o euro deve apresentar ganhos em relação ao dólar.
O DI para janeiro de 2020 recua de 5,30% no ajuste do dia anterior para 5,275%; a do DI para janeiro de 2021 cede de 5,38% para 5,35%; a do DI para janeiro de 2023 cai de 6,45% para 6,42%; e a do DI para janeiro de 2025 opera estável a 7,00%.
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