O ministro da infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, disse que a crise provocada pela pandemia do coronavírus não pode ser motivo para medidas como liberação de pedágios, possibilidade que chegou a ser demandada por usuários para evitar a contaminação de funcionários e cidadãos para evitar fazer pagamentos. “Não faz o menor sentido. Precisamos manter o máximo de normalidade”, afirmou o ministro da Infraestrutura em um debate online realizado pela XP Investimentos na tarde deste sábado (dia 28).
Segundo o ministro, esse tipo de proposta iria acabar gerando mais problemas. “Se abre cancela, abre enxurrada de pleitos. Sem falar que atrapalha a negociação de novos contratos”, afirmou. “São medidas que parecem boas, mas são ruins”.
O ministro afirmou que a solução mais simples é a mais lógica, neste caso: usar álcool em gel nos funcionários a cada manipulação de dinheiro e distribuição de TAGs para caminhoneiros e empresas de transporte.
Concessões em andamento após a crise
O ministro disse que o governo está pronto para retomar os programas de concessão à iniciativa privada de ativos do governo, após passado o pior momento da crise provocada pela pandemia do coronavírus.
Ele rebateu a possibilidade de haver menor interesse de investidores por esses ativos em meio à recessão global que deve ocorrer este ano. “Estamos ativos, vendendo carteira de investimentos para o pós-crise, assim que passar essa fase crítica. A gente vai vir com muitas medidas”, disse.
Mas empresários alertaram que há a possibilidade grande de que diminua o interesse de investidores, especialmente do exterior, para assumir projetos de infraestrutura, como estradas, portos e aeroportos.
Segundo Tarcísio Gomes de Freitas, o coronavírus ainda não atrasou estruturação de projetos. A pasta segue enviando projetos ao TCU (Tribunal de Contas da União) para análise, como é de praxe, nesses processos. Mas o ministro reconheceu que poderá haver atrasos. “Alguma coisa tem que adaptar. Por exemplo, projetos de consulta pública. Tem que decidir se fará audiência pública inteira eletrônica”, afirmou.
Ele citou como concessões que o governo quer levar adiante após a crie da pandemia os ativos do Porto de Santos, da Rio-São Paulo, da Nova Dutra, a sexta rodada da concessão de aeroportos e citou ainda a Eletrobras, tema que ficou travado no Congresso. “Se a gente avançar na Eletrobras, a gente vai vender bem a Eletrobras”, afirmou.
Empresários céticos
O diretor-presidente da Cosan, Marcos Lutz, disse que vê uma menor demanda dos investidores por ativos que o governo pretende colocar em concessão. “Vai ter redução de demanda sim, em alguns setores mais que em outros”, afirmou o executivo da empresa de energia.
Para ele, ainda estamos longe de enxergar o momento em que essa crise será superada.
“A gente ainda não teve a crise da saúde. A gente sabe que não começou e não sabe como vai ser”, afirmou Lutz. “A gente está numa pinguela, que tem de um lado o abismo da saúde e no outro o abismo da economia. A gente tem que ter muito cuidado para não cair nem de um lado nem de outro”.
O diretor-presidente da Santos Brasil, Antonio Carlos Duarte Sepúlveda, também se mostrou preocupado. “Não esperamos uma solução em um mês”, afirmou.
Antonio Carlos afirmou que há uma retomada lenta, com sinais positivos vindo da China. Segundo ele, o embarque de navios de contêineres da China e da Ásia está sendo retomado aos poucos.
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